Autor(es): Kátia Cardoso Nostrane , Alais Benedetti,
Orientador: Ana Maria Paim Camardelo
Quantidade de visulizações: 655
Este trabalho está vinculado ao projeto de pesquisa “Catadores de resíduos: de ‘papeleiros’ a agentes ambientais”, financiado pelo CNPq, na Universidade de Caxias do Sul (UCS), tendo como tema central a história dos catadores de resíduos sólidos das associações de reciclagem da cidade de Caxias do Sul. O presente trabalho consiste na ampliação dos resultados obtidos nesse projeto, sendo este, relacionado ao atravessamento histórico das questões de gênero que afetam a dinâmica do trabalho. Posto isso, objetiva-se investigar a inserção e a percepção das mulheres catadoras no trabalho da catação. Utiliza-se como metodologia a Análise de Conteúdo a partir de entrevistas semiestruturadas realizadas com catadoras. Os resultados parciais apontam para três categorias
a posteriori: Liderança e protagonismo; Precariedade do trabalho e; Percepção de ser catadora. Assim, a categoria
Liderança e protagonismo permite perceber que, embora as catadoras assumam posições de liderança e protagonismo nas associações, apresentam dificuldade em se reconhecerem como líderes. Ainda, pode-se perceber o atravessamento da maternidade na participação de organizações sociais e políticas, como por exemplo na fala
“Hoje eu to meia afastada [por este motivo] eu não consigo mais viajar. Não que a associação me impeça, entende [...] eu sou mãe hoje, né, e o meu filho claro tem 7 anos, sabe”. Referente à categoria
Precariedade do trabalho percebe-se aspectos ligados, principalmente aos riscos a acidentes de trabalho e condições precárias relacionados à gestação e maternidade, visto nas falas “
[...] fiquei oito meses catando, guentei a gravidez toda.” e
“O trabalho é escravo realmente, né, e as condições de trabalho são péssimas”. Por fim, na categoria
Percepção de ser catadora, nota-se que as catadoras atribuem-se uma concepção de proteção e de responsabilidade social com os membros da associação, como no relato:
“[...] criou muito esse cordão umbilical, de tu ser um pouco mãe, um pouco chefe, um pouco patrão, um pouco tu é só presidente [...]”. Assim,
as relações de gênero na ocupação da catação são marcadas por aspectos ligados à maternidade. Destaca-se a correlação entre a gravidez e a precariedade do trabalho da catação para as mulheres. A maternidade também afeta o protagonismo e a liderança, demonstrando que influencia na participação em movimentos sociais, e também na percepção sobre ser catadoras, posto que assumem posturas condizentes com o ideário social do papel de ser mãe.
Palavras-chave: Catadoras, Trabalho, Relações de gênero