Análise Comparativa do Desmatamento da Mata Atlântica: Uso do Solo e Eventos Climáticos Extremos

Autor(es): Marina Elizabete Zorge , Denise Peresin,
Orientador: Juliano Rodrigues Gimenez
Quantidade de visulizações: 227

Desmatamento da Mata Atlântica: Uso do Solo e Eventos Climáticos Extremos
O bioma Mata Atlântica abrange 17 estados brasileiros e ocorre em diferentes climas e relevos, o que contribui para sua alta biodiversidade. Cerca de 72% da população brasileira vive em áreas pertencentes a esse bioma, o que potencializa sua degradação. Para conter os impactos causados pela ação antrópica, foi aprovada a Lei Federal nº 11.428/2006, que regula o uso e a proteção do bioma. Diante desse cenário, o objetivo deste trabalho foi comparar o desmatamento da Mata Atlântica causado por eventos climáticos extremos com o do uso e ocupação do solo nos últimos sete anos, buscando analisar a contribuição relativa desses eventos na perda de cobertura florestal. Para isso, foram selecionados cinco municípios mais afetados pelas chuvas, segundo o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, e que estão elaborando seus Planos Municipais de Proteção e Conservação da Mata Atlântica sob coordenação do ISAM/UCS, sendo eles: Veranópolis, Cotiporã, Bento Gonçalves, Nova Roma do Sul e Pinto Bandeira. A partir das plataformas MapBiomas 10 metros e MapBiomas Alertas, foram analisadas as áreas desmatadas atribuídas aos eventos climáticos extremos (chuvas torrenciais) ocorridos no ano de 2024, bem como o histórico de uso e ocupação do solo nos últimos sete anos (2016-2023) nesses municípios. Em Nova Roma do Sul, Cotiporã e Veranópolis, o desmatamento decorrente de eventos climáticos extremos ocorridos em 2024 superou em mais de 100% o total de desmatamento por uso e ocupação do solo registrado nos últimos 7 anos. Em Nova Roma do Sul, esse valor atingiu 254,90%. Nos municípios de Pinto Bandeira e Bento Gonçalves, o desmatamento associado aos eventos climáticos extremos correspondeu, respectivamente, a 54,51% e 72,18% ao desmatamento por uso e ocupação do solo no período. De modo geral, o desmatamento por eventos climáticos extremos correspondeu a 0,7% até 1,9% da área total dos municípios, enquanto por uso e ocupação do solo variou de 0,26% até 2,03%. Os dados analisados evidenciam que os eventos climáticos extremos ocorridos em 2024 tiveram um impacto significativo sobre a Mata Atlântica nos municípios estudados, superando, em alguns casos, o desmatamento registrado ao longo de sete anos de uso e ocupação do solo. Assim, reforça-se a urgência de políticas públicas integradas que considerem tanto a gestão territorial quanto a adaptação às mudanças climáticas, visando à conservação efetiva da Mata Atlântica em um contexto de crescente instabilidade climática.

Palavras-chave: Desmatamento, Mata Atlântica, Eventos Climáticos Extremos