A vulnerabilidade econômica impulsiona a busca por regimes não democráticos?
Autor(es): Gabriel Rech Tedesco
Orientador: João Ignacio Pires Lucas
Quantidade de visulizações: 158
Este trabalho está alicerçado no projeto de pesquisa Cultura Política e Ensino de História, com vinculação ao projeto Cultura Política e Democracia, que, com enfoque no âmbito da América Latina, fazendo correlações com análises de faceta econômica, busca testar a hipótese de que famílias mais vulneráveis, representadas como àquelas que passam fome com mais frequência, tendem a ser mais favoráveis a regimes não democráticos, desde que sejam ofertadas soluções para seus problemas. Utilizou-se dados da pesquisa Latinobarômetro de 2023, que abrange 18 países da América Latina, incluindo Argentina, Brasil e Uruguai, para testar essa hipótese. A metodologia empregou o teste de qui-quadrado de independência (2x2), acompanhado de testes de significância (valor de p) e testes de tamanho de efeito (? e Odds Ratio), para analisar a associação entre as variáveis (a) o grau de concordância com um governo não democrático que resolva problemas e (b) a frequência da falta de comida na família. Os resultados revelaram uma associação significativa entre a concordância com governos não democráticos e a falta de comida na América Latina como um todo, embora com um pequeno tamanho de efeito (? = -0,039). No entanto, essa associação não foi uniformemente observada em todos os países analisados individualmente. Especificamente, a associação significativa foi encontrada na Argentina e no Uruguai, indicando que a insegurança alimentar está ligada a uma maior aceitação de governos não democráticos. Nesses países, análises de razão de chance mostraram que indivíduos que enfrentam a falta de comida com mais frequência têm duas vezes mais chances de apoiar governos autoritários em troca de soluções para seus problemas. É importante notar que tanto na Argentina quanto no Uruguai, a maioria dos entrevistados discordou de um governo não democrático, mesmo que resolvesse problemas. Em contrapartida, o Brasil não apresentou uma associação significativa entre as duas variáveis. Porém, a maioria dos entrevistados concordou com um governo não democrático (637) do que os que discordam (502). Portanto, a hipótese só foi válida para os casos da Argentina e Uruguai, evidenciando a complexidade e as nuances das interações entre fatores socioeconômicos e a cultura política democrática da região.
Palavras-chave: Cultura política, Democracia