Autor(es): João Pedro Bandeira da Silva
Orientador: Tania Maria Cemin
Quantidade de visulizações: 210
O presente trabalho outorga uma continuidade à discussão das informações coletadas pelo grupo de pesquisa INOVAPSI-3, aprofundando o debate proposto por Maria Rita Kehl, em torno das depressões na contemporaneidade, por meio de Jacques Lacan. Considera-se fundamental revestir o referencial sobre sintomas depressivos e uso de fluoxetina, para esclarecer as informações analisadas em um serviço-escola de saúde mental durante a pandemia de COVID-19. Em vista disso, principia-se pelo axioma “o inconsciente é estruturado como uma linguagem”, que anuncia uma estrutura lógica, para argumentar que o sentido é expresso por uma cadeia de associações de um significante a outro. Em suma, é possível observar que a estrutura de linguagem, preponderante ao sujeito, estabelece também as regras do inconsciente, que se faz evanescente dentro da cadeia significante. Adiante, no estádio do espelho elabora-se a fantasia presente no desejo (metonímia), visto que os humanos jubilam-se com sua imagem refletida e se percebem diferentes do outro. O
infans institui com todos que estão à sua volta (objetos), uma relação em que busca tornar-se um com o que lhe falta, inicialmente se colocando como falo para mãe. Porém, a mãe, apesar de investir no
infans grande carga de sua economia libidinal, já que ele é significante daquilo que lhe falta (falo), intervém pelo seu discurso e insere o Nome-do-Pai, não permitindo a união fantasiada. Ao superar o momento anterior, a criança passa ao estágio de ter o falo, em que é impossibilitada pelo pai imaginário de unir-se ao objeto e inicia a disputa fálica, mesmo que a derrota e a castração sejam iminentes. Desta forma, é no estádio do espelho que a covardia moral, pontual ao afeto da depressão, faz-se notável. Como reflete Maria Rita Kehl, o sujeito depressivo supera o estágio que é significante do falo para a mãe, registra a inserção do Nome-do-Pai e a queda da posição edípica inicial (não se estrutura na psicose), mas não simboliza a castração e recua a disputa fálica. Explica-se, então, os sintomas depressivos (metáfora), como a falta de esperança que surge do medo da derrota para o pai imaginário e seus representantes na vida adulta, a ausência de virtudes em seu discurso que se remete à derrota imaginada, e à culpabilização que o acompanha, resultando da dor narcísica da traição de sua verdade desejante.
Palavras-chave: Sintomas Depressivos, Fluoxetina, Psicanálise