Desenvolvimento Neuropsicomotor de bebês prematuros nos primeiros seis meses de vida: Impacto da cognição materna.

Autor(es): Heloisa Zanfonatto Cecatto , Júlia Garcia, Laura Madalozzo Soares, Jaqueline Kurmann, Aline Schvantes, Tatiane Paludo, Bruno Strey, Fernanda Cechetti,
Orientador: Raquel Saccani
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Impacto da cognição materna no desenvolvimento de prematuros
O desenvolvimento infantil é um processo dinâmico e multifatorial, influenciado por fatores intrínsecos e extrínsecos, que podem atuar como elementos de risco ou proteção. Neste contexto, a cognição materna, que tem sido apontada como uma variável determinante no cuidado e na estimulação oferecida à criança nos primeiros meses de vida, podendo impactar no desenvolvimento infantil. O objetivo deste estudo foi investigar a influência da cognição materna no desenvolvimento neuropsicomotor de bebês prematuros durante os primeiros seis meses de vida. Estudo observacional, analítico e transversal, incluindo 49 mães e seus bebês prematuros (0 a 6 meses de idade corrigida), atendidos no Centro Clínico da Universidade de Caxias do Sul (grupo SUS) e em consultório particular (grupo PAR). Utilizou-se questionário de identificação de fatores de risco, a Escala Bayley III para avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor (motor, cognição e linguagem) e o teste MoCA para o desempenho cognitivo materno. Os dados foram analisados por estatística descritiva, t de Student, U de Mann-Whitney, Qui-Quadrado, teste exato de Fisher e teste de correlação de Spearman (p= 0,05). O grupo PAR apresentou escores significativamente superiores em todos os domínios da Bayley III. No domínio motor, o grupo PAR teve média superior (106,1) em relação ao SUS (98,5). Para a linguagem, as médias foram 98,3 (PAR) e 92,0 (SUS); na cognição, 111,1 (PAR) e 98,6 (SUS). No teste MoCA, mães do grupo PAR obtiveram média de 25,6 pontos, enquanto no grupo SUS a média foi 19,8, indicando cognição mais baixa. O grupo PAR  apresentou significativamente maior escolaridade (p<0,001), renda (p<0,001) e idade parental (idade materna: p<0,001; idade paterna: p=0,008), enquanto o grupo SUS maior tempo de internação na UTI neonatal (p=0,008). A cognição materna demonstrou correlação moderada e significativa com o domínio motor  (rho=0,46; p<0,05) no grupo SUS, indicando influência sobre as aquisições motoras nos primeiros meses de vida. Conclui-se que a cognição materna exerce influência significativa no desenvolvimento neuropsicomotor de bebês prematuros nos primeiros meses de vida, especialmente no domínio motor. Esses achados reforçam a importância de considerar fatores ambientais, socioeconômicos e cognitivos maternos como determinantes no desenvolvimento infantil, ressaltando a necessidade de intervenções precoces que promovam estímulos adequados e suporte às famílias em situação de vulnerabilidade.

Palavras-chave: Desenvolvimento Infantil, Fatores de Risco, Avaliação Cognitiva de Montreal