Pedagogia da diferença e Fernand Deligny
Autor(es): Helen Carvalho Goulart
Orientador: Sonia Regina da Luz Matos
Quantidade de visulizações: 167
A investigação vai extrair vestígios pedagógicos do livro
Cartes et lignes d’erre (2013) do escritor e educador francês Fernand Deligny (1913-1996). Tendo como método o estudo bibliográfico conceitual deste livro, que a bolsista se envolve diretamente na tradução da língua inglesa para a língua portuguesa. A obra refere-se à experiência em uma região francesa,
Cévennes, onde houve convivência com crianças autistas, denominada de rede-Deligny, no período de 1969 a 1979. Esta rede, feita por adultos, chamados presenças próximas, passaram a registrar o que acontecia lá. Esta experiência se configura como um modo de vida e de estar com crianças autistas, em meio a um espaço físico em vilarejos, sem funcionamento institucionalizado. Em Cévennes, às crianças não se relacionavam pela linguagem verbal, mas por gestos não-verbais. O livro possui em seu conteúdo mapas e descrições dos percursos realizados pelas crianças e elaborados pelas presenças próximas. As principais conclusões da pesquisa acenam para os vestígios pedagógicos: 1. Os mapas do livro mostram o funcionamento da cartografia como um método pedagógico elaborado pela rede-Deligny, tal método pode ser remetido a um processo clínico e que pode acontecer por meio de quatro princípios: espaços geográficos, registros de mapas, escritas e fotografias. 2. Os quatro princípios são parte de registros polimórficos cartográficos e funcionam como instrumentos que operam na intenção de conviver sem assujeitar a criança autista ao procedimento discursivo institucional. 3. Esse método pedagógico cartográfico da rede-Deligny não faz dos registros análise e ou interpretação do mundo do outro/autistas. Esse método clínico constitui como parte de um acompanhar os movimentos do outro, retirando a perspectiva da linguagem verbal da relação, por isso, os quatro registros cartográficos como abordagens não hierárquicas entre si. 4. Sobre os registros dos mapas, o rastreio deles possibilitam marcar e transpor os deslocamentos, os gestos, os movimentos e as atitudes das crianças no território/espaço. No livro os mapas também se tornam a possibilidade das presenças próximas, estarem lá [território] para convivência com a realidade autística e assim, construir com as crianças uma relação por gestos não-verbais.Os rastros desta pesquisa possibilitou o novo projeto de pesquisa, em que perguntamos: podem esses quatro vestígios do método pedagógico cartográfico constituir parte dos princípios para uma pedagogia clínica?
Palavras-chave: Deligny, cartografia, clínica, autismo