Saúde Mental e Perfil Sociodemográfico de Trabalhadores e Voluntários nas Enchentes do Rio Grande do Sul em 2024
Autor(es): Maria Eduarda Portal Casagranda
Orientador: Silvana Regina Ampessan Marcon
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Os desastres, sejam naturais, tecnológicos ou antrópicos, têm se tornado mais frequentes e intensos nas últimas décadas, exigindo ações emergenciais rápidas e coordenadas por parte de trabalhadores e voluntários. No contexto das enchentes que atingiram o estado do Rio Grande do Sul em maio de 2024, um amplo contingente de pessoas foi mobilizado para atuar em condições adversas, com possíveis repercussões psicossociais e emocionais. Este resumo apresenta um recorte específico da pesquisa descritiva e exploratória intitulada “Fatores Psicossociais e Saúde Mental dos Trabalhadores/Voluntários em Contextos de Desastres”, com o objetivo de analisar o perfil sociodemográfico dos indivíduos envolvidos nas respostas ao desastre. Além da caracterização do perfil sociodemográfico, o estudo também investigou o impacto dos fatores psicossociais na saúde mental desses indivíduos, especificamente no contexto da enchente de maio de 2024 no Rio Grande do Sul. O método foi uma pesquisa quantitativa utilizando coleta de dados por meio de um questionário eletrônico aplicado entre junho e julho de 2024, abrangendo variáveis sociodemográficas e instrumentos psicométricos validados. Participaram da pesquisa 185 participantes, entre trabalhadores e voluntários que atuaram na resposta à enchente. Os resultados da análise descritiva da amostra revelou que 68% dos participantes eram mulheres e 32% homens. A faixa etária mais comum situou-se entre 25 e 49 anos (72%), seguida por 12% com idade entre 18 e 24 anos e 16% com mais de 50 anos. Quanto à escolaridade, 60% possuíam ensino superior completo, 25% tinham ensino médio e 15% concluíram algum nível de pós-graduação. Em relação ao vínculo com a atividade, 85% atuaram de forma voluntária e 15% estavam ligados a instituições públicas ou privadas. Além disso, 65% estiveram em contato direto com as vítimas e áreas atingidas, e 74% atuaram por seis dias ou mais nas ações emergenciais. Esse perfil evidencia uma predominância de mulheres, elevado nível educacional e forte engajamento prático no contexto da crise. A análise desse recorte é fundamental para subsidiar intervenções futuras, uma vez que características como tempo de exposição, tipo de vínculo e grau de escolaridade podem influenciar diretamente os níveis de estresse e a adoção de estratégias de enfrentamento em contextos de desastre. Os resultados indicaram que demandas de trabalho elevadas e relações interpessoais desfavoráveis estão fortemente associadas a níveis mais altos de estresse, depressão e ansiedade.
Palavras-chave: perfil sociodemográfico, atuação em desastres, fatores psicossociais