Ambientalismo Imperial: O Silenciamento da História Colonial nos Discursos Verdes

Autor(es): Júlia Keiber Salvator
Orientador: Alexandre Cortez Fernandes
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Ambientalismo Imperial: Silenciamento da História Colonial nos Discursos Verdes
Análise crítica do que Malcolm Ferdinand denomina ambientalismo imperial, conceito desenvolvido em sua obra Uma Ecologia Decolonial (2021). O autor parte da premissa de que os discursos ecológicos dominantes, produzidos em sua maioria a partir do Norte Global e por instituições ocidentais, constroem uma narrativa universalista sobre a crise ambiental, desconsiderando as profundas conexões entre a devastação ecológica e os projetos de colonização, escravização e dominação que marcaram a modernidade ocidental. A despeito de seu caráter aparentemente neutro, esse ambientalismo opera por meio de um apagamento sistemático das dimensões políticas, históricas e raciais da crise ambiental, ao mesmo tempo em que marginaliza os saberes e modos de vida de povos colonizados. A pesquisa parte da crítica de Ferdinand para discutir como práticas contemporâneas de preservação ambiental,  como as políticas de compensação ambiental ou os tratados climáticos internacionais, muitas vezes reproduzem uma lógica de exclusão e expropriação, deslegitimando a presença de comunidades tradicionais, negras e indígenas em seus próprios territórios. Essa abordagem “verde” sustenta-se numa visão de natureza separada do humano e no ideal civilizatório ocidental, o que evidencia sua conexão com a colonialidade do saber e do poder. Ao propor a noção de ecologia decolonial, Ferdinand convoca à reconstrução dos debates ambientais a partir do reconhecimento da pluralidade epistêmica e da memória histórica dos povos atingidos pela violência colonial. A presente proposta, ancorada em abordagem teórico-conceitual decolonial, objetiva contribuir para a problematização do discurso ambiental global, valorizando as epistemologias do Sul como caminhos legítimos para a reconfiguração das lutas ecológicas. A pesquisa dialoga, assim, com a necessidade urgente de repensar o ambientalismo a partir de uma justiça ecológica enraizada na justiça histórica, que reconheça a centralidade das violências coloniais na formação do mundo moderno e das desigualdades ecológicas contemporâneas.

Palavras-chave: Ambientalismo imperial , Decolonialidade, Epistemologias do Sul