Autor(es): Rafael Sartori Flores , Jéssica Gomes Maciel, Raquel Redaelli, Vagner Ricardo Lunge, Weslei de Oliveira Santana,
Orientador: André Felipe Streck
Quantidade de visulizações: 206
A pandemia causada pelo SARS-CoV-2, que se mostrou capaz de infectar mais de 30 espécies, revelou preocupações sobre os coronavírus. Os membros da família
Coronaviridae, distribuídos globalmente, são conhecidos por sua capacidade de trocar de espécie hospedeira facilmente. A população de felinos no mundo tem crescido rapidamente e o contato entre gatos e humanos é cada vez mais próximo, aumentando o risco de um possível
spillover. Durante a pandemia do COVID-19, foram encontrados felinos positivos para SARS-CoV-2, trazendo questões sobre sua suscetibilidade ao vírus devido à similaridade de receptores virais ACE2 no trato respiratório felino e humano. Este trabalho investigou amostras de suabe nasal, ocular e orofaríngeo de 120 gatos com sinais de doença respiratória, que tiveram contato com humanos positivos para COVID-19 nos últimos 15 dias. Os animais foram testados para RNA viral de SARS-CoV-2 através de RT-qPCR. Adicionalmente, os animais foram testados por PCR para doenças respiratórias comuns em felinos, como o
Mycoplasma felis, calicivírus felino, herpesvírus felino e
Chlamydia felis. Como resultados, dos 120 animais, apenas uma felina foi identificada com RNA detectável de SARS-CoV-2. O animal apresentava conjuntivite, estomatite e secreção nasal, além de apresentar uma coinfecção por herpesvírus felino e
Mycoplasma felis. Os outros microrganismos tiveram maior incidência, com o
Mycoplasma felis sendo positivo em 43,3% dos animais, seguido do herpesvírus felino (38,3%), calicivírus felino (34,1%) e
Chlamydia felis (19,16%). Este estudo indica que a transmissão de SARS-CoV-2 para felinos é rara, e, mesmo durante a pandemia o SARS-CoV-2 não representou maiores riscos para os felinos. O caso positivo pode ter sido originado por contato direto com tutores doentes e convivência em ambiente fechado. Embora a infecção em gatos seja rara, ela é possível, e é crucial considerar a monitoração da população felina como uma sentinela para a evolução viral. O contato entre humanos infectados e animais saudáveis deve ser evitado para reduzir as chances de transmissão, e felinos com sinais gripais devem ser levados ao veterinário para investigar as possíveis causas e realizar o diagnóstico adequado. Esta abordagem está diretamente relacionada aos objetivos da iniciativa
One Health, que visa promover a saúde integrada de pessoas, animais e meio ambiente.
Palavras-chave: SARS-CoV-2, Felinos, PCR