Escada abaixo: castigo, rito e resistência na experiência do sujeito do labor.
Autor(es): Thais Caroline de Oliveira Souza
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O presente trabalho nasce da inquietação frente aos dizeres da arquiteta norte-americana Nicole Vlado na entrevista acerca do seu processo de produção artístico na 33ª Bienal de São Paulo: lavar o chão, lavar Niemeyer, lavar um amante, ser uma trabalhadora, amar o trabalho. Propõe-se com isso analisar a relação do homem com o trabalho, mais especificamente as significações que podem emergir na vida do sujeito a partir da modulação da Festividade do Senhor do Bonfim, especialmente do ato da lavagem das escadarias. Esse evento histórico, cultural e religioso, cuja origem remonta ao período do Brasil colônia (no ano de 1745, segundo o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) será balizador dos destinos encontrados para o objeto de análise nesta investigação. Ainda assim, é preciso compreendê-la com mais clareza: tal manifestação traz em sua constituição três tempos, por assim dizer, a partir dos quais procuro construir aproximações com o trabalho: a lavagem enquanto obrigação; como resistência e retorno à memória e, por último, como festa popular da vida e da religiosidade. Essa tripartição constrói a possibilidade de o sujeito conviver como corpo no mundo, sendo físico e producente de subjetividade e potência. Para isso, lanço mão do dispositivo analítico-interpretativo da Análise do Discurso Pecheutiana, bem como das intersecções oferecidas por ela — a saber: a psicanálise, a linguística e o materialismo histórico. Em síntese e por uma questão de tempo, busco abordar a ideia de trabalho enquanto castigo, rito e resistência, amparada na religião, no que temos de material acerca da experiência de sofrimento da escravidão e também em noções da psicodinâmica do trabalho.
Palavras-chave: Racismo, Análise do discurso, Trabalho