Autor(es): Raíssa Moraes
Orientador: Cristina Loff Knapp
Quantidade de visulizações: 463
O romance
Úrsula, da escritora maranhense Maria Firmina dos Reis, foi publicado no ano de 1859, no Brasil, e pode ser considerado o primeiro romance abolicionista brasileiro de autoria feminina. Essa obra denuncia a condição das mulheres e dos negros na sociedade do século XIX, além de apresentar personagens escravizadas que expressam revolta quanto à sua condição e que são conhecedoras da sua cultura e de seu passado africano, tal como a personagem Susana, que, segundo Mendes (2007, p. 103), “é a imagem do africano que, tirado à força, de forma brutal e bestial, de sua terra natal, foi animalizado e classificado como objeto, coisa, mão-de-obra forçada e gratuita para senhores inescrupulosos”. Na obra, é configurada a questão do medo em relação à estrutura patriarcal opressora que faz com que as mulheres temam pela própria liberdade, até mesmo pela própria vida. As personagens brancas, por exemplo, são submetidas aos mandos dos homens da narrativa. As mulheres negras temem duplamente: a seus escravagistas e à estrutura patriarcalista. Dessa forma, o objetivo deste estudo é analisar a forma como o medo é representado no romance
Úrsula. Para tanto, foram utilizadas as considerações de Roas (2014) em relação ao medo na narrativa, França (2017) para contextualizar a obra na vertente gótica brasileira, Carroll (1999) para elucidar a presença do horror no romance, além das contribuições de Mendes (2007) para apresentar alguns dados importantes sobre a biografia da autora e sobre a obra.
Úrsula, devido ao fato de que foi publicado por uma mulher negra e por não apresentar um final feliz, como ditava a convenção da época, não teve tanta repercussão. A obra de Maria Firmina dos Reis ficou no esquecimento. Entretanto, é possível concluir que a existência de uma romancista negra que publicou nos momentos de consolidação do sistema literário brasileiro é tomada hoje, finalmente, como trilha para uma outra historiografia literária nacional, devido a esse resgate da obra na atualidade.
Palavras-chave: Maria Firmina dos Reis, Úrsula, medo