ASPECTOS DA VIOLÊNCIA URBANA NO COTIDIANO DOS CATADORES(AS) A PARTIR DE JORNAIS DE CAXIAS DO SUL/RS

Autor(es): Fernanda Nunes Setti , Verônica Bohm,
Orientador: Ana Maria Paim Camardelo
Quantidade de visulizações: 309

Violência urbana no cotidiano de catadores a partir de jornais de Caxias do Sul
Os catadores de resíduos sólidos possuem uma importante função ambiental e social, embora não valorizada, e utilizam da catação como meio de sobrevivência. Portanto, configuram-se enquanto um grupo afetado por expressões da questão social, entre elas a violência urbana, expressão relacionada com determinantes sociais e diferentes conjunturas e contextos. Assim, este trabalho vincula-se ao projeto “Diagnóstico Acerca da Imagem Social dos(as) Catadores(as) de Resíduos Sólidos Urbanos no Município de Caxias do Sul - RS”, com auxílio do CNPq, e objetiva analisar aspectos da violência urbana presentes no cotidiano de trabalho de catadores de resíduos sólidos, abordados em reportagens de jornais que estiveram e/ou estão em circulação na cidade de Caxias do Sul/RS, entre 1979 e 2020. A metodologia incluiu uma revisão bibliográfica nas bases de dados SciELO e CAPES, com os descritores “catadores” and “violência” e “catadores” and “violência urbana”. Entre os oito artigos encontrados, publicados nos últimos cinco anos, entendeu-se que dois correspondiam ao objetivo. Ainda, contou-se com a coleta e categorização de matérias de jornais de Caxias do Sul/RS que fizessem referência aos catadores. Entre as 580 matérias que compuseram a amostra, 67 envolviam casos de violência e catadores. Em seguida, trabalhou-se com a categoria analítica: a violência urbana na vida de catadores apresentada em jornais de Caxias do Sul/RS. A violência urbana sofrida por eles, exposta nas matérias, corresponde a casos de incêndios criminosos, assaltos, homicídios e formas de discriminação. Para além da violência mais explícita, ela aparece de forma velada por meio da negação de direitos e da subalternização, esta última reproduzida inclusive pelos jornais. Entende-se que, apesar da relação entre a ocupação profissional e a violência ser implícita em alguns momentos, as reportagens demonstram conexões entre a desproteção social deste grupo, o qual a catação ocupa parte central da sobrevivência, e os atos violentos que sofrem ou presenciam.  Embora os jornais apenas representam um recorte da realidade, não passível de generalizações, é neles que, por vezes, a presença dos catadores nos meios urbanos será identificada enquanto um incômodo e motivo de subalternização. Em suma, compreende-se que essa violência ultrapassa a concepção de violência urbana e configura-se enquanto simbólica, estrutural e indissociável da totalidade e contradições que permeiam ela e este grupo social.

Palavras-chave: Catadores de resíduos sólidos, Violência , Jornais