Desamparo psíquico frente à pandemia de COVID-19 -INOVAPSI 3
Autor(es): Isadora Barbosa
Orientador: Tania Maria Cemin
Quantidade de visulizações: 326
Este trabalho faz parte de uma pesquisa maior - INOVAPSI, que se encontra na terceira edição, agora com o objetivo de abordar prontuários eletrônicos de atendimentos da psicologia no período de pandemia, em um hospital da serra gaúcha e um serviço de psicologia aplicada, ambos vinculados à Universidade de Caxias do Sul. Segue-se abordando acerca da pandemia de COVID-19, a qual iniciou primeiramente na China e após gerou uma disseminação global, causando grande impacto. Esse vírus refere-se a uma doença que exigiu da população severas medidas de proteção como o isolamento e distanciamento social, o uso de máscara e quarentena. O conceito de desamparo evoluiu, iniciando a partir do estado imaturo da criança e a necessidade do bebê de depender do objeto primário e expandindo em relação à construção civilizatória, pois, temendo a impotência, o sujeito teria fortalecido seus relacionamentos com semelhantes para superar coletivamente suas fragilidades. Como sentimento estruturante do psiquismo, o sentimento de impotência é essencial para uma interdependência e conexão com o mundo. Identifica-se um movimento em relação a maior distância entre as pessoas e vínculos mais fragilizados e tênues, podendo chegar em uma desesperada busca pelo outro que não responde. O desamparo refere-se a um conceito basilar da teoria freudiana, caracterizando-o como designação da condição da criança impotente à realização da ação específica capaz de pôr fim à tensão interna da necessidade. Trata-se de um conceito fundamental para a constituição psíquica, uma vez que na medida em que há um não demarcado pelo desamparo do outro, prepara-se o sujeito psiquicamente para enfrentar os próximos nãos de sua vida. Entretanto, a intensidade, frequência e duração dessa vivência determinará se o desamparo tornou-se constitutivo ou traumático para o sujeito. Diante do contexto da pandemia de COVID-19, pode-se relacionar a aspectos de privação psíquica e até trauma. Esses são conceitos relacionados ao desamparo precisam ser entendidos conforme o desenvolvimento do indivíduo, principalmente em relação ao seu ambiente na infância. Como resultados deste estudo, identificou-se que uma sensação de desamparo foi experimentada pelos sujeitos durante este período de pandemia por conta da perda/restrição de contato físico e social, causados pela quarentena e distanciamento social. Espera-se que o sujeito experimente o desamparo ao longo de sua vida, o que pode ser explicado pelo espaço que existe entre a realidade e sua própria construção de um sentido para essa realidade. Entretanto, muitos indivíduos vivenciaram esse sentimento de forma traumática, evidenciando ter acionado vivências anteriores e por isso um não parecia se referir somente a um isolamento social imposto pela pandemia, mas um sentimento de falta de amparo e solidão, juntamente com o medo de morrer. Assim, considera-se que as trocas sociais e o convívio também ajudam a proteger a saúde mental, pois fornecem coordenadas simbólicas e bordas que sustentam os sujeitos.
Palavras-chave: Desamparo psíquico, COVID-19, psicanálise