CATADORES (AS) DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: NA SOCIEDADE CAPITALISTA TODO TRABALHO É DIGNO?
Autor(es): Gabriela Linhar
Orientador: Ana Maria Paim Camardelo
Quantidade de visulizações: 265
O presente estudo provém do projeto de pesquisa “Diagnóstico acerca da imagem social dos(as) catadores(as) de resíduos sólidos urbanos no município de Caxias do Sul – RS” (2020-2022), no qual buscou-se identificar como o trabalho do(a) catador(a) é percebido e compreendido por ele(a) e pela sociedade, refletindo sobre a hierarquia existente no mundo do trabalho e a dignidade dos(as) trabalhadores(as) que
sobrevivem da catação de resíduos sólidos. Em relação à metodologia, realizou-se uma revisão sistemática de literatura e uma pesquisa documental nos jornais de circulação - existentes ou que já existiram - no município de Caxias do Sul-RS, selecionando-se matérias com referência aos(às) catadores(as). Após a coleta dos dados, as matérias foram classificadas preliminarmente, quanto à imagem do(a) catador(a), em “positiva”, “negativa” e “neutra”. Transcritas as matérias classificadas, iniciou-se a categorização e análise de conteúdo, selecionando-se para esse estudo matérias relacionadas à dignidade dos(os) catadores(as), no que diz respeito a ser tratado como pessoa, ter seu trabalho reconhecido e valorizado e acessar direitos e serviços. A partir da análise do conteúdo dos jornais foi possível evidenciar que o princípio da dignidade humana não se materializa no cotidiano deles(as), pois estes vivenciam situações de humilhação, de tratamento degradante, de discriminação, além de não terem asseguradas as condições mínimas de sobrevivência. O trabalho, quando reconhecido como tal, é constantemente visto como inferior, como temporário, como uma forma indesejável de subsistência e não pela sua contribuição social ou ambiental. Os(as) catadores(as), enquanto cidadãos(ãs), reconhecem: a falta de políticas públicas; a falta de investimentos em educação e; a falta de oportunidades para mobilidade econômica e social. Assim como muitos trabalhadores que vivem em uma sociedade que os segrega em “qualificados” e “desqualificados”, os(as) catadores(as) sentem que seu trabalho é digno, pois é honesto e importante em termos ambientais, porém, as condições de trabalho não são dignas, bem como não são dignas as condições de vida que o seu trabalho permite prover. Preliminarmente, a partir dos dados, pode-se constar que a hierarquização do mundo do trabalho na sociedade capitalista os coloca no final da “escala” do trabalho considerado respeitável e admirável pela sociedade. Ainda, possibilita compreendermos que a “sociedade do mérito” reproduz sentimentos de vergonha e humilhação em trabalhadores(as) que possuem pouco ou nenhum prestígio. Assim, podemos concluir que nem todo trabalho é decente e produz dignidade.
Palavras-chave: Catadores(as) de resíduos sólidos, Dignidade, Trabalho