Racismo e biopolítica no debate pós-colonial

Autor(es): Hector de Oliveira Vieira
Orientador: André Brayner de Farias
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Racismo e biopolítica no debate pós-colonial
O conceito-chave de nossa pesquisa é racismo. Sabemos que não se pode entender as relações políticas na sociedade brasileira sem passar pelo racismo como uma de suas formas estruturantes. Mas é preciso enquadrar o racismo nas bases em que se constitui o conceito moderno de Estado. São as teorias raciais do século XVIII e é também o evolucionismo do século XIX que vão dar o mote das formas eugênicas de governo que, no século XX, produzirão os fenômenos totalitaristas. Nosso enfoque deriva do cruzamento de perspectivas, a biopolítica de Michel Foucault e a necropolítica de Achille Mbembe, uma mais eurocentrada, a outra crítica do colonialismo como condição histórica de formação do capitalismo e dos estados modernos. A ideia é fermentar mutuamente a biopolítica e a necropolítica, sem deixar de reconhecer que o conceito mbembediano é uma interpretação assumida da genealogia foucaultiana. Mas também sem deixar de reclamar para o discurso biopolítico o devido exame do processo moderno de formação do mundo não europeu, o colonialismo. O enfoque pós-colonial trata de dirigir o racismo colonialista mais para o centro do debate biopolítico, para fazer a Europa falar mais diretamente de sua própria mentalidade constituinte. Nosso objetivo geral é mostrar que colonialismo e racismo são quase sinônimos, em todo caso mostrar que um não há sem o outro. Nossa metodologia é exploratória, ou seja, iremos explorar desde a filosofia um campo de ideias para um levantamento qualitativo de conceitos e intuições que possam mediar novas perspectivas de diálogo com áreas das ciências sociais que tradicionalmente empreendem pesquisas mais descritivas e quantitativas a respeito de temas como o racismo. Nossos objetivos específicos são: 1. Compreender o conceito de racismo pelo viés biopolítico e necropolítico; 2. Demonstrar a importância de dar ao racismo um entendimento filosófico, indicando-o como ferramenta conceitual imprescindível para uma análise consequente dos processos históricos da modernidade, entre os quais o projeto colonialista; 3. Construir desde a filosofia uma base de diálogo com as ciências sociais, principalmente a sociologia, para contribuir com o exame crítico de fenômenos relevantes da realidade brasileira, pós e neocolonial, neste ainda início de século XXI.

Palavras-chave: Biopolítica, Racismo, Póscolonialismo