Análise comparativa entre as variantes utilizadas na produção das vacinas e as cepas circulantes do parvovírus canino no Brasil
Autor(es): Joana Detofano , Luiza dos Santos Miranda; Brenda Picoli Gheno; Tamiris Silva Lopes; Vagner Ricardo Lunge.,
Orientador: André Felipe Streck
Quantidade de visulizações: 375
A parvovirose canina é uma doença causada pelo parvovírus canino tipo 2, vírus que possui alta capacidade de mutações. A VP2 é a proteína estrutural do CPV-2 que constitui cerca de 90% do capsídeo viral, desempenha um papel importante na transmissão e infecção da doença. A infecção é bastante contagiosa e acomete principalmente filhotes, apresentando elevadas taxas de morbidade e mortalidade. A alta taxa evolutiva do vírus pode levar a escapes imunológicos e, consequentemente, a falhas vacinais. Evidencia-se na rotina clínica a presença de animais com doença grave apesar de portarem protocolos vacinais completos. Assim, o objetivo do trabalho foi realizar uma análise
in silico das vacinas comerciais disponíveis no Brasil contra a parvovirose canina, verificando se as cepas vacinais possuem os epítopos imunodominantes presentes nas cepas circulantes no território brasileiro. Para isso, foi criado um
dataset contendo todas as sequências de VP2 de CPV-2 isolados de cães no Brasil, além de 8 cepas vacinais sequenciadas anteriormente pelo nosso grupo de pesquisa, todas elas depositadas na plataforma online
GenBank. Em seguida, todas as sequências foram alinhadas, transformadas em aminoácidos e os sítios conservados e variáveis ao longo da proteína VP2 foram avaliados através da predição de estrutura física e imunogenicidade. Ao todo, foram coletadas 117 sequências de VP2 isoladas no Brasil de 1980 a 2020. Após o alinhamento das sequências e avaliação das substituições em comparação às vacinas foi observado que as cepas vacinais são similares à cepa CPV-2 original. Foram identificadas divergências relevantes em diversos aminoácidos, destacando os sítios 297, 324 e 440. O sítio 297 mostra-se em pressão de seleção positiva em diversos estudos, podendo influenciar diretamente na relação vírus-hospedeiro. Já o sítio 324 situa-se em uma importante região de epítopos, podendo impactar na gama de hospedeiros e influenciar diretamente a biologia viral. O sítio 440 é importante pois está localizado no topo da proteína sendo considerado um dos principais sítios antigênicos do capsídeo. Essas dissimilaridades mostram que as vacinas utilizadas hoje não possuem alguns aminoácidos predominantes a campo e podem contribuir para a evolução e adaptação do vírus. Os achados apontam a necessidade do desenvolvimento de uma nova vacina que abranja as cepas em circulação nas populações caninas no Brasil, conferindo uma imunização eficaz, segura e confiável.
Palavras-chave: Bioinformática, Vacinas , Vírus