DOENÇAS CRÔNICAS EM AGRICULTORES FAMILIARES EM CONTATO COM AGROTÓXICOS NO MUNICÍPIO DE SÃO MARCOS NA SERRA GAÚCHA

Autor(es): Laura Baticini Montanari
Orientador: Nilva Lúcia Rech Stédile
Quantidade de visulizações: 359

No Brasil, a utilização de agrotóxicos vem crescendo anualmente. Desde o ano de 2008, o País lidera o ranking mundial de maior consumidor de agrotóxicos (Dossiê ABRASCO, 2015). O seu uso inadequado e seu crescimento representa riscos à Saúde Pública, por afetar concomitantemente seres vivos e meio ambiente, aumentando a contaminação e as intoxicações por agrotóxicos. O objetivo deste estudo foi analisar as doenças crônicas relatadas por agricultores familiares, associadas ao contato com agrotóxicos no município de São Marcos na Serra Gaúcha. O enquadre metodológico pode ser referido como documental, por meio da base de dados provenientes do banco de dados do Projeto “O uso de agrotóxicos na agricultura familiar e suas implicações à saúde dos agricultores e à saúde ambiental”. O banco de dados foi construído, segundo Sá-Silva, Almeida e Guindani (2009), pela organização e análise preliminar de entrevistas semi-estruturadas, com posterior identificação de informação de interesse, transferência das mesmas para o SPSS, organização e análise dos dados, tratamento por estatística descritiva e interpretação dos mesmos. Trata-se de dados parciais referentes a 143 agricultores(as) familiares do município de São de Marcos/RS que cultivam alho e/ou uva. Dentre os entrevistados, 38,02% relatam apresentar depressão, 35,91% pressão alta, 11,26% problemas no fígado, 10,56% câncer, 9,85% diminuição de sensibilidade, 9,15% asma/bronquite/enfisema, 7,74% diabetes, 4,92% anemia crônica, 4,22% insuficiência renal, 4,22% convulsões, 2,11% malformações congênitas e uma minoria de 0,70% o Mal de Parkinson. Dentre as doenças crônicas prevalentes investigadas neste estudo, em relação à média nacional, esses agricultores apresentam percentual maior em relação a depressão que atingiu 10,2% de brasileiros em 2019 (IBGE, 2020). A prevalência é menor em relação à hipertensão arterial (25,7% no Brasil em 2016), segundo MS. Ressalta-se que estes danos aparecem nas fichas técnicas e bulas dos agrotóxicos e resultam da exposição prolongada a estes insumos. Outra variável importante é que os agricultores deste estudo possuem em sua maioria (93%) mais de dez anos de serviço na agricultura familiar, com exposição direta a agrotóxicos.Diante dos resultados e pela gravidade das doenças crônicas, percebe-se a necessidade de aumentar as medidas protetivas aos agricultores, que incluem: o uso adequado de EPIs; o manejo correto das embalagens, o destino adequado dos EPIs e das embalagens e a utilização da dose correta de agrotóxicos.

Palavras-chave: Agricultura Familiar, Danos Crônicos, Uso de Agrotóxicos