Programa de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual: apontamentos sobre o perfil do agressor

Autor(es): Cristiano de Oliveira Pereira
Orientador: Tania Maria Cemin
Quantidade de visulizações: 746

VIOLÊNCIA SEXUAL: APONTAMENTOS SOBRE O PERFIL DO AGRESSOR
Um  Hospital Geral da região da serra gaúcha possui desde setembro de 2001 um serviço  de atendimento especializado a vítimas de abuso sexual. Este serviço tem sido  referência no atendimento e fornecimento de pareceres médicos e consultoria para elaboração de políticas públicas voltadas ao tema. O presente estudo trata-se de um recorte referente ao projeto de pesquisa INOVAPSI - Intervenções na Psicologia Clínica: Integração Ensino, Serviço e Inovação, de coordenação da Dra Tânia Maria Cemin, o qual busca explorar informações sobre os pacientes  atendidos pelo setor de psicologia do hospital.  Este estudo diz respeito a 143 pacientes atendidos pela equipe de psicologia do hospital no setor PRAVIVIS, que se refere ao setor de atendimento a pessoas vítimas de violência sexual. Ao caracterizar  o relato das vítimas atendidas pelo serviço, identificou-se que em relação ao agressor, em sua maioria (46,1%), os abusos  foram cometidos por pessoas que residem no seio intrafamiliar do qual a vítima possuía algum vínculo parental direto, 18% eram pessoas de confiança da família ou com alguma proximidade e 25,87% o abuso foi praticado por pessoas sem nenhuma proximidade com a vítima. Ainda sobre a especificação do  agressor 14,69 % foram praticados pelo pai ou mãe da vítima, 9,09% pelos cônjuges dos pais e 8,39% por primos ou tios da vítima.  A pesquisa revela também que 50,35% das vítimas relataram sentir medo de serem agredidas ou serem assassinadas pelo agressor após o abuso, 39,16% revelaram ter sentido medo que a família não acreditasse no ocorrido e 41,96% referiram que foram ameaçadas pelo agressor a não contar sobre o abuso a ninguém, ou do contrário, eles sofreriam alguma violência ou a sua família. Ainda, identificou-se que 41,26% das vítimas referem sentirem-se, de alguma forma, culpadas pelo abuso; 20,28% relataram que o abusador fazia uso de álcool  momentos antes ou durante o abuso; e 13,29% que o mesmo era usuário substâncias ilícitas e que as utilizou durante ou momentos antes do abuso. Em 26,57% das vítimas de algum tipo de abuso, essas passaram a apresentar comportamentos agressivos após o fato ocorrido. A pesquisa remonta a importância de se investigar o perfil do abusador de forma a contribuir junto à  formulação e ampliação de políticas públicas, numa perspectiva protetiva e preventiva para as vítimas, bem como a identificação quanto à necessidade de atendimento psicológico.  

Palavras-chave: Psicologia Hospitalar, Abuso sexual, Perfil do Agressor