Uso de psicofármacos entre estudantes da Área do Conhecimento de Ciências da Vida da Universidade de Caxias do Sul

Autor(es): Miguel Bertelli Ramos , Frederico Arriaga Criscuoli de Farias; João Pedro Einsfeld Britz; Bárbara Brambilla; Luis Ernesto Bassanesi; Gabriel Rodrigues Martins de Freitas; Luciano da Silva Selistre,
Orientador: Asdrubal Falavigna
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Uso de psicofármacos entre estudantes das áreas da saúde
Recentemente, tem-se observado um aumento no uso de psicofármacos entre universitários. Este estudo visa determinar a prevalência do uso de psicofármacos entre estudantes da Área do Conhecimento de Ciências da Vida da Universidade de Caxias do Sul (ACCV-UCS) e avaliar o padrão de uso. Um questionário online foi enviado para estudantes da ACCV-UCS no ano de 2019. As variáveis abordadas foram: sexo, idade, padrão de moradia, curso e semestre atual, uso atual ou prévio de psicofármacos e classe farmacológica, período de início do uso e motivo do uso.  Foram obtidas 1,215 respostas, com mediana de idade de 22 anos ± 2.5, sendo 227 (18.7%) homens e 988 (81.3%) mulheres. Um total de 291 alunos (24.0%) utilizam e 276 (22.7%) já utilizaram algum psicofármaco. Os cursos com as maiores taxas de uso atual foram Estética e Cosmética (34.8%; N=8/23), Medicina (32.1%; N=125/389), e Farmácia (28.9%; 24/83). A classe medicamentosa mais utilizada foi inibidores seletivos de receptação de serotonina, tanto entre os usuários atuais (59.5%) quanto entre os prévios (47.1%). A maioria dos usuários atuais (73.2%) e prévios (67.8%) iniciaram o uso de pelo menos um psicofármaco após ingressar na faculdade. Além disso, a maioria dos usuários atuais (68.0%) e prévios (60.5%) relacionaram o uso de pelo menos um psicofármaco a estresse/pressão na faculdade. O motivo de uso mais frequente foi transtornos de ansiedade, tanto para uso atual (76.6%) quanto prévio (65.9%). Entre os usuários atuais, 11.0% (N=32) utilizam pelo menos um psicofármaco sem indicação médica. Entre os usuários prévios, este número é de 20.7% (N=51). Em análise multivariada, estudantes de Medicina (OR=1.75; IC95%=1.26-2.47), sexo feminino (OR=1.46; IC95%=1.05-2.16), e idade >22 anos (OR=1.81; IC95%=1.32-2.50) foram associados a uma maior taxa de uso atual. Estar cursando do 3º ano em diante, morar sozinho(a) e trabalhar não foram associados a uma maior ou menor taxa de uso atual (p>0.05).  A prevalência do uso de psicofármacos entre estudantes da ACCV-UCS é alta, possuindo relação estreita com estresse/pressão durante a faculdade. Estudantes de Medicina, do sexo feminino e com mais de 22 anos de idade apresentaram uma maior taxa de uso atual. A implementação de medidas de conscientização sobre saúde mental no ambiente universitário faz-se necessária.

Palavras-chave: Psicofármacos, Saúde Mental, Universitários