PREMATURIDADE COMO FATOR DE RISCO PARA DESENVOLVIMENTO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL
Autor(es): Sarah Assoni Bilibio
Orientador: Vandrea Carla de Souza
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A prematuridade, especialmente inferior a 32 semanas, e o muito baixo peso ao nascer (MBP, < 1500g), são fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas no adulto, como Hipertensão Arterial Sistêmica, Doença Renal Crônica, Diabetes Mellitus Tipo 2 e Doença Cardiovascular. Descrever alterações da pressão arterial nos primeiros 3 anos de vida em coorte de Prematuros MBP. A aferição da pressão arterial (PA) utilizou método oscilométrico, aos 12, 24 e 36 meses de vida. A PA foi classificada de acordo com sexo, idade e altura conforme diretriz de hipertensão em Pediatria. Os 76 lactentes apresentaram idade mediana (IIQ) de 2,0 anos (1,3 a 3,6), 48% do sexo masculino. As medidas de PA estiveram entre os percentis 90 e 95 (pré hipertensão) em 14% dos casos e acima do percentil 95 (potencial hipertensão) em 46%. A ocorrência de PA acima do percentil 95 foi de 59% aos 12 meses, 38% aos 24 meses e aos 36 meses de idade corrigida. O presente estudo encontrou prevalência de 46% de PA superior ao percentil 95 para idade, sexo e altura nos primeiros 3 anos de vida em população de prematuros com histórico de MBP. Os valores descritos são bem superiores aos encontrados em outras populações pediátricas, sem histórico de MBP. Níveis pressóricos elevados em população de prematuros também foram descritos por Schoenardie et al. (53%) ao avaliar crianças com 2 e 4 anos de idade, e Heidemann, Procianoy e Silveira (57,5%) em população semelhante aos 2 anos de idade corrigida. A associação entre baixo peso ao nascer e risco aumentado de hipertensão no adulto já está bem estabelecida. A explicação para esse achado é a redução no número de néfrons funcionantes, levando a hipertrofia compensatória dos néfrons remanescentes, com dano glomerular, proteinúria e hipertensão. Prematuros estão em nefrogênese ativa no momento do nascimento e o ambiente extra-uterino hostil pode aumentar o risco de redução do número final de néfrons, predispondo a doenças crônicas no futuro. Resta saber o momento da vida em que a alteração pressórica pode ser detectada. Os resultados apresentados sugerem que a prematuridade e o MBP podem estar associados a níveis pressóricos elevados já na infância, alertando para a necessidade de acompanhamento desta população.
Palavras-chave: Prematuridade, Crianças de muito baixo peso, Hipertensão Arterial Sistêmica